Os sonhos e a psicanálise

           

Diria que para muitos de nós os sonhos podem não ter nenhum tipo de significado, mas para a psicanálise, o sonho pode revelar traumas e desejos, ou alguns elementos presentes em nosso inconsciente.

Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, escreveu amplamente sobre as teorias dos sonhos e suas interpretações no inicio de 1900. Neste livro, Freud, explicou os sonhos como sendo manifestações dos desejos e ansiedades mais profundos, muitas vezes relacionados a memórias ou obsessões reprimidas da infância. Além disso, ele acreditava que praticamente todos os tópicos sobre sonhos, independente do seu conteúdo, representam a libertação da tensão sexual.

Nem sempre os sonhos são uma história simples contada para o “entretenimento”. Para a psicanálise, os significados dos sonhos que temos estão diretamente relacionados com o nosso inconsciente.

Os sonhos podem ter naturezas variadas, como ser assustador, excitante, mágico, melancólico, aventureiro ou sexual. Os eventos nos sonhos geralmente estão fora do controle do sonhador, com exceção do sonho lúcido, onde o sonhador é autoconsciente. Os sonhos podem às vezes, fazer com que um pensamento criativo ocorra à pessoa ou dê uma sensação de inspiração.

Ser capaz de interpretar os significados ocultos dos sonhos é ter um conhecimento capaz de mudar a própria vida.

Mas afinal das contas, o que exatamente os sonhos têm a dizer?

Para responder esta questão precisamos entender o processo de elaboração dos sonhos, segundo Sigmund Freud.

O processo de sonhar se inicia com a soma de três componentes:

  1. Impressões Sensoriais Noturnas – são às impressões que os sentidos captam mesmo durante o sono, como sede, vontade de urinar, frio, calor e outros. Estes podem tornar-se parte do conteúdo latente do sonho, porém devemos levar em conta que estas impressões podem provocar o despertamento imediato do indivíduo e não sonhar nada.
  2. Pensamentos e ideias relacionadas à atividades diárias – são as atividades, preocupações, acontecimentos do dia, pensamentos que ficam ativos no inconsciente.
  3. Impulsos do Id – são os desejos reprimidos, para Freud esta é a parte que contribui com a maior parte da energia psíquica que o sonho necessita.

Então chegamos ao conteúdo manifesto de um sonho, estes são os elementos do sonho de que nos lembramos ao acordar. Segundo Freud o conteúdo manifesto de um sonho, ou as imagens e eventos dos sonhos, servem para disfarçar o conteúdo latente (desejos inconscientes do sonhador).

Freud também descreveu quatro elementos do processo inconsciente aos quais ele se referiu como “trabalho dos sonhos”.

  • Condensação – Vários elementos vivenciados se combinam em uma só ideia, de forma que o sonho se torna menos compacto. O cérebro associa os pensamentos de conteúdo similar e os reproduz em apenas um sonho, acontecendo uma compressão de volume. Ou seja, muitas ideias e conceitos diferentes são representados no espaço de um único sonho, a informação é condensada em um único pensamento ou imagem.
  • Deslocamento – Por força do deslocamento, um aspecto significativo do sonho pode ganhar menos importância e passar despercebido pelo indivíduo, enquanto aspectos secundários surgem com mais riqueza de detalhes. Assim, a intensidade do acontecimento com maior valor psíquico é deslocada para o elemento de menor valor psíquico. Em outras palavras, esse elemento do trabalho dos sonhos disfarça o significado emocional do conteúdo latente, confundindo as partes importantes e insignificantes do sonho.
  • Simbolismo – Os pensamentos vindos do inconsciente aparecem no sonho de maneira distorcida, cheios de simbolismos. Dessa maneira, o sonho geralmente surge cheio de metáforas que simbolizam o real valor do sonho. Ou seja, está operação censura as ideias reprimidas contidas no sonho, incluindo objetos que simbolizam o conteúdo latente do sonho. Freud criou uma série de interpretações para símbolos que se referem, em sua maioria, a símbolos sexuais.
  • Dramatização – No processo de dramatização, os fragmentos do sonho são transformados em cenas. Aí, é formado todo um contexto para esses elementos e, na maior parte das vezes, trata-se de uma ambientação bem distinta do que foi vivido no dia anterior. Freud sugeriu que os elementos bizarros do sonho fossem reorganizados para tornar o sonho compreensível, gerando assim o conteúdo manifesto do sonho.

A interpretação dos sonhos, segundo Sigmund Freud, ajudará o paciente a superar suas dificuldades. Através desta técnica investigativa, o analisando reconstituirá as ideias inconscientes recalcadas responsáveis por seus sofrimentos e, levando-as à consciência, poderá então superar seus conflitos internos e recuperar sua capacidade de trabalhar, de viver, de amar.

Por fim, interessante frisar que o retorno do inconsciente recalcado, no contexto dos sonhos, é possibilitado graças aos diferentes mecanismos de elaboração que vão buscar driblar a censura e materializar o sonho. O objetivo da análise se torna o conteúdo manifesto do sonho, e como chegar ao conteúdo latente. Portanto, os sonhos é um importante caminho para conhecermos um pouco mais sobre a nossa vida psíquica.

Então, caso esteja com sonhos recorrentes, sentimentos ocultos, perguntas que ficam martelando na cabeça, este é o seu inconsciente pedindo ajuda. A psicanálise clínica pode te proporcionar a oportunidade de resolver esses conflitos internos, através de uma escuta ética, sem julgamentos. Agende já seu atendimento online, sem barreiras, ajuste-se ao seu ritmo e no conforto do seu lar.

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Tati Moreira

Psicanalista Clínica

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